Há 165 milhões de anos, na
cintura interna de asteroides (entre Marte e Júpiter), bilhões de pedaços de
rochas viajavam através do espaço na mesma direção. Um dos pedaços de rocha ia
numa direção completamente diferente, a 35 mil km/h. Dois asteroides colidiram
e fragmentaram-se em milhões de fragmentos. Um desses fragmentos, com 10 km de
diâmetro, 100 milhões de anos depois, iria mudar a história da Terra.
No México, uma manada de
Alamossauros[1] estava à
procura de alimento, quando avistaram o asteroide, que os cegou, com mais de 20
mil graus Celcius. Com uma força explosiva maior do que a mais poderosa de
todas as bombas nucleares já construídas, atingiu as águas rasas do Golfo do
México. Terra e rocha foram lançados no espaço a 170 mil km/h. Numa fração de
segundos, o asteroide inteiro desintegrou-se no planeta. A 800 km do local do
colapso, a temperatura do ar atingiu mais de 300 graus Celcius. Os dinossauros
foram queimados vivos devido à exposição direta ao calor devastador da
explosão. Com o impacto, pedras do tamanho de edifícios foram atiradas pelo ar
e centenas de Alamossauros que sobreviveram ao impacto foram bombardeados de
cima. A pluma formada na explosão chegou a centenas de metros da zona do
impacto, alta e brilhante o suficiente para ser vista no horizonte.
Do outro lado do mundo, a 13
mil km do impacto, na Mongólia, uma família de Caronossauros[2]
bebia água de uma fonte, enquanto um Saurornithoides[3]
lhes tentava roubar os ovos.
Oito minutos depois do
impacto, uma bola de fogo crescia a mais de 100 km acima do marco zero. 70
Bilhões de toneladas de rocha e terra pulverizadas encheram a atmosfera
superior com uma nuvem de pó e vidro microscópicos. Esta espalhou-se
rapidamente, tendo a fricção criado um calor intenso e uma nuvem de pó, a mais
de 8 mil graus Celcius, queimando tudo abaixo dela. A nuvem ejetada continuou a
espalhar-se, a grande altitude. A temperatura da superfície aumentava
bruscamente, subindo alguns graus a cada segundo. Quando a temperatura do ar
atingiu os 50 graus Celcius, os dinossauros abrigaram-se. 90 Minutos após o
impacto, a temperatura atingiu os 150 graus Celcius. O microclima de uma
caverna refrescou o suficiente para alguns dinossauros sobreviverem.
No Pacífico noroeste, ainda
resistiram vários dinossauros. O calor intenso gerado pela nuvem ejetada
desencadeou incêndios por toda a parte. A pressão do ar disparou, criando um
vácuo que sugava as chamas. A frente do fogo queimava forte e rapidamente,
movendo-se pelo chão do vale a 14 km/h. O solo estava completamente em chamas.
A temperatura era de 100 graus Celcius. Os dinossauros, em pânico, subiram para
as encostas de um vale. Mas os grandes dinossauros não tinham onde esconder-se.
Duas horas depois do impacto todo o planeta estava coberto de poeira e fumo.
Na Mongólia, os dinossauros
saíram da caverna quando a nuvem ejetada começou a clarear, mas uma tempestade
de areia formou-se. Os 150 graus Celcius que assaram a Mongólia transformaram um fenómeno climático comum numa
supertempestade.
Uma semana depois do
impacto, os alimentos escasseavam muito em todo o planeta. A fome forçou os
herbívoros gigantes (Triceratops) a deslocarem-se em direção à costa do
Pacífico, até uma ilha que estava aparentemente intocada pela desolação que a
rodeava.
Nas profundezas, bem abaixo
da superfície, o fundo do oceano foi abalado pelo impacto inicial do asteroide.
Rochas sedimentares desagregaram-se sob tensão e desabaram 100 metros, no fundo
do oceano. Na praia, o oceano recuou centenas de metros. O caminho para a ilha,
de súbito, tornou-se seco. Mas o asteroide acordou a força mais destrutiva do
oceano: um mega tsunami – uma onda monstruosa com 100 metros de altura.
Quando o asteroide bateu na
superfície da Terra libertou um milhão de megatones de energia fazendo com que
as placas tectónicas se rasgassem e se fraturassem, fazendo com que a rocha
derretida (magma) force caminho até à superfície pelas fraturas recém-formadas,
até que expludam acima da crosta terrestre, em violentas erupções vulcânicas,
libertando poeiras e gases tóxicos para a nuvem ejetada. Esta mortalha infernal
já tinha vários km de espessura, impedindo que a luz e o calor do Sol chegassem
à superfície da Terra, tendo o planeta mergulhado num inverno nuclear.
Na Mongólia, os poucos
dinossauros que ainda viviam, morreram sufocados por gases tóxicos que as
erupções vulcânicas libertaram: sulfato de hidrogénio – H2S.
Pequenos grupos de
dinossauros ainda viviam e tentavam recomeçar, mas as suas espécies já estavam
mortas, pois, para sobreviver, qualquer espécie precisa de manter uma massa
crítica de população.
A Natureza renasceu das
ruínas e uma nova vegetação cresceu, em particular, uma planta: samambaia. Esta
planta cobriu o planeta de verde, dando lugar às florestas, trazendo oxigénio e
vida ao planeta, preparando-o para uma nova era. Os mamíferos multiplicaram-se
e diversificaram-se, 10 mil espécies explodiram
pelo planeta. Mas uma espécie muito importante afastou-se dos seus parentes e
desceu das árvores. Andavam sobre 2 pernas, evoluíram cérebros maiores e,
finalmente, dominaram o planeta.
[1] Alamossauros:
grande herbívoro quadrupede, que media 22 metros de comprimento, 12 metros de
altura e pesava cerca de 30 toneladas.
[2] Caronossauros: herbívoros
doceis que mediam cerca de 13 metros de comprimento e pesavam 4 toneladas;
caronossauro significa “lagarto carnívoro”.
[3] Saurornithoides:
espécie de dinossauro carnívoro e bípede que viveu durante o período
Cretáceo. Media 3 metros de comprimento e pesava 45 kg. Este dinossauro foi um
dos mais inteligentes que se conhece.
Muito bem escrito!
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